quarta-feira, novembro 30, 2005

quarta-feira, julho 13, 2005

Sentir Sem Saber







13.07.05

Vivemos muito junto de nós mas suspeitando de que estamos bem escondidos dentro do nosso próprio corpo. As possibilidades de ser estão sempre connosco mas parece que não lhes podemos tocar…

“I feel the sun has been taken away, hidden; but the spark remains as reminder and promise of greater light that, although unseen, may be subtly sensed. The solitary candle is a tiny spark symbolic of, reflecting, a greater sun within.” *

Transportamos desde o início a chave, o segredo, a realidade connosco… mas em estado potencial ou mesmo de possibilidade. O que é, aquilo que é, será mas existe um passo intrinsecamente humano e que permitiu toda a evolução hibridamente biológica e cultural que caracteriza a nossa espécie: a vontade com amplitude de consciência! A vontade é o lago de onde emerge o desejo, a paixão, a liberdade, a escolha, a eleição… Sem vontade poderíamos simplesmente nos auto-regular através do sussurrar da Mãe Natureza através da Sua vontade, equilibradora é certo, mas não movida pela nossa confiança na nossa própria visão, no nosso próprio coração…

Por isso sentimos sem saber que o Ser está perto, que o Estar está perto, que a Comunhão connosco e portanto com todo o Universo já devia estar a acontecer… Sabemos (sem saber) que somos universos de memória do Universo inteiro, somos Mães Natureza ganhando consciência no nosso coração através de lágrimas misteriosas…

“Wonder-joy tears are not tears of pain, sadness, or sorrow. Rather, they are accompanied by feelings of wonder, joy, gratitude, awe, yearning, poignancy, intensity, love, and compassion. They are an opening up of the heart to the persons or profound circumstances being witnessed. These tears, with their accompanying chills and special feelings, seem to be the body’s way of indicating a profound confrontation with the True, the Good, and the Beautiful…” *

*Braud, William (2001). Experiencing Tears of Wonder-joy: Seeing with the Heart’s Eye.
The Journal of Transpersonal Psychology (pp. 99-111), Vol. 33, Number 2. Transpersonal Institute.

segunda-feira, junho 06, 2005

Identidade - a Imagem de Mim


06.06.05

Recebemos do exterior de nós, do nosso redor, informações contraditórias sobre nós, mas é através e a partir desse meio pré-existente a nós que nos vamos definindo e redefinindo.
Hoje alguém me disse: "Nunca dizes nada que já não tenhas ouvido..." .
Tal parece-me real pois apesar daquilo que digo me parecer, e ser, inerentemente meu, é também e principalmente do meio. Até do meio orgânico e genético, para não falar do ambiente físico, que não o meu corpo, que me influencia desde o primeiro instante de existência.
Contudo, existem seres humanos mais capazes de permitir a contradição dentro e fora de si. Chamam-nos caóticos, desestruturadores, indivíduos que espalham a loucura à sua volta... mas será só isso? Penso que o que está a ser dito é real e doloroso, mas traz liberdade para o futuro. Tornámo-nos muito fechados, trancados em nós, individualistas, mas com razão... Esse foi o passo necessário para sabermos o que era a identidade própria. Mas eis que descobrimos que essa identidade, essa imagem tão individual tem tudo menos singularidade, ou melhor, é singular e grupal simultaneamente. A nossa identidade é a síntese instantânea do estado do mundo humano!
Mas claro, isto traz ambivalência, indefinição em comparação com as referências anteriores e, sem dúvida, traz conflito, mas um conflito não tanto de fricção mas de coração aberto, sem nada para esconder e, ao mesmo tempo, com tudo valendo como matéria-prima de identidade e evolução.
A lógica do bem versus mal já não faz sentido para algumas mentes, não que o relativismo tenha ganho realidade (isso seria demasiado fácil), mas a contradição, a ambivalência, a indefinição e o caos passaram a ser mais constantes na nossa consciência, passaram a ser a nossa Realidade, afinal o mundo não tem que caminhar para o Bem, nem tem de ter sempre Mal e Bem em conflito, o Bem e o Mal, tal como a irmandande de todas as outras dualidades que temos vindo a acreditar seram reais, são irmãos e vivem em Paz através do Amor.
"If you want to learn to love better, you should start with a friend who you hate." Nikka - age 6
Agora faz mais sentido dizer que quem quer amar bem ame primeiro os inimigos, é igual começar por um lado ou por outro, a nossa fixação no Bem só nos traz restrições e semi- realidades...

quinta-feira, fevereiro 24, 2005

Visão




02.10.03

As folhas brilhantes e o zumbido ensurdecedor que por vezes escutamos, não têm muito impacto na nossa percepção da realidade quando gostar de alguém sem sentir dor é um facto. Os movimentos que nem sempre refinados foram tornam-se suaves, quase sem existência para um mundo tridimensional: o “aqui” silencia. O zumbido de outrora parou, pois agora o dom manifestado é esse: o de parar o que retira a harmonia à vida que este ser, que posso ser eu, experimenta. A essência toma então o lugar de tudo!
O mar, os rios, as árvores, a natureza com todas os seus elementos constituintes fazem o humano apreciá-la. Mas o que é isso? Moscas, mosquitos, borboletas e joaninhas... O som de uma abelha começa a causar influência na corrente dos pensamentos percebidos e recriados em cérebros humanos. Será que ela não entende que o vidro não a deixa transpor esta e passar a outra realidade, onde não nos encontramos ambas? Fica perto de mim mas nem por isso pára. Não pára lá porque está acompanhada por esta humana pensante... Quer chegar a algum lugar?! Rancor, redemoinho, raiva encarnada, rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr Pára!
Quem és tu? Como existes se penso não mais te querer? Como existes se não te criei (pelo menos não farias sentido agora). Quem queres? Silêncio. Música de fundo! Sózinha no meio de conhecidos, de intrínsecos familiares sem outra solução senão separarem-se para se sentirem... Lágrimas secaram. A humidade ficou em Sintra e é de lá que vem quando faz uma ou outra aparição! Eléctricos desordenados com descargas de falta de comuicação e manutenção. União (europeia), seremos tão diferentes entre nós como somos dos outros? Será a nossa aparente semelhança um mero concenso psicológico, ambiental e genético? Então qual é o “mal”? Qual é o “problema”? O que querem designar tais palavras que denunciam um elemento estranho, ou no mínimo negado? Qual é, afinal, o grande Mistério da criação, da existência, da realidade?
Amor, braço, tacto, carícia, beliscão, beijo, olhar. Movimentos, gestos, processos, fluxos, onde se diferem ou onde se igualam? Por um lado, quem dá, necessita... quem recebe dá. Quem não dá não recebe e quem necessita pede, mas quem não pede não recebe! Por outro lado, tu observas o duplo que existe em mim, eu vejo o duplo de todos os que me rodeiam, mas nem tu nem eu testemunhamos o duplo que há em cada um de nós. Essa incapacidade é bastante específica, não vos parece? Por isso terá por detrás uma vontade que alimenta tal vestimenta cinza-negra de obscuridade, de modo a existir sem ser percebida por aquele que a criou em primeiro lugar. Parece lógico, não? É como esconder dinheiro num local bem desadequado para o encontrarmos em clima de surpresa, de pequeno milagre, de aparição, ou de novidade aparente.
O fluxo de criação-existência, duas faces da mesma moeda, só pode fluir ou inibir-se de o fazer, tal como a estupidez é uma resistência à inteligência! Este fluxo pode demonstrar o amor, o ardor, o sexo, a paixão, o êxtase, a iluminação... Pode manifestar-se em simplicidade e complicação!
Mas, apesar dele (o fluxo) estar sempre presente, pois vivemos aí, o ruído pode sempre voltar se lhe dermos espaço, se o acarinharmos. E podemos fazê-lo é “bom”, sabe bem, é agradável, acarinhar elementos da nossa vida, quaisquer que sejam. Afinal, vamos escolhendo os que queremos acarinhar no momento para o fazer com concentração... Será? Apetece chorar, mas não há necessidade de tal. Mas chorar é belo e acarinho um final de vida assim... com lágrimas de leveza. Nesse momento poderei sentir que a ofensa não existe, pois permiti-me através da própria vida soltar o impulso pois não sei, nem soube, mais nem menos que ninguém, mas soube-o de forma única, singular, irrepetível!
Mas nesse momento oiço o ruído que há já uma vida se tinha calado, mas que agora voltou para me cumprimentar. Preto e vermelho. Essa é a ambiência desse momento muito potente e intenso. E de repente vislumbro esse ruído e essas cores como o início de uma nova vida noutro lugar, de onde nunca parti mas onde estou agora a chegar. Fecho os olhos mas eles permanecem abertos. A visão é a de um falcão com asas de fogo numa noite sem luar.